Neste 1º de maio, festa de São José Operário, queremos saudar os trabalhadores e trabalhadoras, bem como reafirmar o compromisso com a DIGNIDADE e a GRANDEZA da pessoa humana e do trabalho.
Continuamos a viver as consequências da pandemia do Covid 19 que potencializou graves situações quer na saúde ou educação, na habitação ou economia com a presença do desemprego e concentração de renda.
A Campanha da Fraternidade desde ano nos trouxe o tema, Fraternidade e Educação com o lema “fala com sabedoria, ensina com amor ” (Pr 31,26), que nos oferece a oportunidade de pensar a realidade a partir dos processos da educação. Já há muito se diz que o mundo, na construção da economia, da qual o trabalho é elemento da maior importância, perde o seu vigor quando as nações deixam de se preocupar com os processos educativos. Lá pelos idos dos anos 90 costumava-se falar da necessidade de uma educação que permitisse aos trabalhadores lidarem com maior competência com os novos materiais e as novas tecnologias, como a automação, em todas as esferas da economia. Muitas nações, como se diz, perderam o trem da história.
Nos diz a apresentação da CF 2022: “De fato, o mundo e nele o Brasil está diante de um desafio: redescobrir caminhos para urna reconstrução que não é parcial, mas global; que não atinge somente alguns aspectos, mas que deve chegar às raízes do modo como pessoas e povos compreendem e organizam a totalidade da vida”. Por isso o Papa Francisco nos pergunta “O que acontece quando não há a fraternidade conscientemente cultivada, quando não há uma vontade política de fraternidade, traduzida em uma educação para a fraternidade, o diálogo, a descoberta da reciprocidade e o enriquecimento mútuo como valores? (Fratelli Tutti 103)
Assumir que todos somos de fato irmãos é a condição para viver a experiência do diálogo, da fraternidade e da valorização da vida mesmo, que para muitos, isso pouco importe a vida e a dignidade das pessoas. (cf. Gaudium et Spes, 74).
Para que “A vida seja a arte do encontro”, é preciso superar tudo que causa os desencontros e fazer crescer uma cultura que supere as culturas que colocam um contra o outro (Fratelli Tutti 215) por isso, o Documento de Aparecida nos afirma que «são os leigos, conscientes de seu chamado à santidade em virtude de sua vocação batismal, que têm de atuar como o fermento na massa para construir uma sociedade de acordo com o projeto de Deus» (cf 505).
As preocupações com a pandemia da covid 19 ainda continuam acrescidas de uma guerra, que, mesmo à distância, interferem nas relações do mundo por colocar em xeque a fragilidade da construção da paz, mesmo depois das experiencias com os grandes conflitos mundiais do século passado. Parece que a humanidade não aprendeu nada com eles. Ou por que a ganancia econômica e a ambição por poder ainda sejam maiores. Não é à toa que já Jesus dizia aos seus discípulos: “Sabeis que os que são considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas. Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; e o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos” (Mc”10,42-45).
Não podemos continuar cada um falando do seu lugar sem ouvir o outro e sentir compaixão pela dor e sofrimento de tantos irmãos nossos. Quando abandonando a lei do amor, nada se faz, acabamos por afirmar a lei do mais forte sobre o mais fraco.
O pecado se manifesta na avidez, ambição desmedida, desinteresse pelo bem dos outros e leva à exploração da criação (pessoas e meio ambiente), gerando aquela ganância insaciável que considera todo o desejo um direito (cf. Fratelli Tutti 222).
Como ensinaram os bispos da África do Sul, é preciso «gestar uma nova sociedade baseada no serviço aos outros, e não no desejo de dominar; uma sociedade baseada na partilha do que se possui com os outros, e não na luta egoísta de cada um pela maior riqueza possível (cf. Fratelli tutti 229)
Como cristãos, precisamos nos empenhar no anúncio e construção do Reino de Deus. E, para educar para o Humanisrno Solidário e construir a Civilização do Amor é necessário: promover a cultura do diálogo, globalizar a esperança, buscar uma verdadeira inclusão, criar redes de cooperação. Criar uma rede de serviços nos quais prevaleçam a ajuda recíproca e a partilha das novas descobertas. A descoberta, com a pandemia, de nossas vulnerabilidades pode ser a ocasião para nascer uma nova força de cooperação (cf texto base CF2022 n 240-245)
Assim, encontraremos a saída rumo às mudanças necessárias para que o ser humano recupere a dignidade do ser imagem e semelhança de Deus e corresponsável na condução de toda Criação (cf. Laudato Si 14).
Por tudo isso, celebrar a Festa de são José Operário neste dia 1o de maio é, para nós da Pastoral do Trabalhador, Pastorais Sociais e toda a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, a reafirmação de nosso compromisso com a DIGNIDADE DO TRABALHADOR, a grandeza do trabalho e com todos os que lutam em favor da dignidade humana.